Cá estou para uma guerra inesperada e dificil: lutar contra o meu amor, o amor que eu sinto. Puta que pariu! Civil, despreparada e desprovida de armas, pareço perder de cara a empreitada. Levanto da primeira derrubada e o bicho já me golpeia certo no diapasão; justamente o afinador dos fracos, a bússola sonora dos instrumentos de canção. Me emudece, me desafina ceifa rente meu braço de poema, e, manca dele, procuro ainda alguma proteção. Mais um golpe, estou no chão. O amor caçoa então: quer morrer, danada, não vai lutar não? Com o bico da chuteira da mágoa desfiro-lhe dois golpes seguidos no queixo. O amor ri: não doeu, nem senti! Irada, engancho minhas pernas em seu pescoço, tento as tesouras imobilizantes que copiei das lutas da televisão. (Que nunca gostei, será que prestei a devida atenção?) O amor interpreta mal... Ah, quer me seduzir? Enforcar, que é bom, não? Eu nada falava, torcia pernas, me esgotava, fremindo-lhe a cabeça entre as coxas. Isto pra mim é trepada, boba! Eu gosto do aperto, do cheiro da roxa e de te ver roxa. E gargalhava. Cansada, humilhada e sem munição, desmaio e me entrego: pode me matar, amor eu estou na sua mão. O amor me olha de cima então: querida minha, eis o segredo da esfinge eis o problema diante da solução: matar-te é matar-me e matar-me é matar-te.
Se no chão do amor estava, nesse chão continuei então. Deitada sob o amor, debaixo do amor, no ringue do amor, o amor me beijou, me beijou, me beijou.
Um comentário:
De Elisa Lucinda
Tatame
Cá estou para uma guerra inesperada
e dificil: lutar contra o meu amor,
o amor que eu sinto.
Puta que pariu!
Civil, despreparada
e desprovida de armas, pareço perder
de cara a empreitada.
Levanto da primeira derrubada
e o bicho já me golpeia certo no
diapasão; justamente o afinador dos fracos,
a bússola sonora
dos instrumentos de canção.
Me emudece, me desafina
ceifa rente meu braço de poema, e,
manca dele, procuro ainda alguma proteção.
Mais um golpe, estou no chão.
O amor caçoa então: quer morrer, danada, não vai lutar não?
Com o bico da chuteira da mágoa
desfiro-lhe dois golpes seguidos no queixo.
O amor ri: não doeu, nem senti!
Irada, engancho minhas pernas em seu
pescoço, tento as tesouras imobilizantes
que copiei das lutas da televisão.
(Que nunca gostei, será que prestei a devida atenção?)
O amor interpreta mal...
Ah, quer me seduzir? Enforcar, que é bom, não?
Eu nada falava, torcia pernas, me esgotava,
fremindo-lhe a cabeça entre as coxas.
Isto pra mim é trepada, boba!
Eu gosto do aperto, do cheiro da roxa
e de te ver roxa.
E gargalhava.
Cansada, humilhada e sem
munição, desmaio e me entrego:
pode me matar, amor
eu estou na sua mão.
O amor me olha de cima então:
querida minha, eis o segredo da esfinge
eis o problema diante da solução:
matar-te é matar-me
e matar-me é matar-te.
Se no chão do amor estava,
nesse chão continuei então.
Deitada sob o amor,
debaixo do amor,
no ringue do amor,
o amor me beijou,
me beijou, me beijou.
9 de Abril de 2005
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